Ao longo do nosso especial temos feito o "Top5" de tramas mais importantes de cada década. Já fizemos dos anos 60 e dos anos 70. Hoje é dia do nosso Top Five de novelas dos anos 80!
Antes de mais nada, mais uma vez, quero me antecipar e já me defender. Este texto não é sobre as melhores novelas da década de 80, mas a minha seleção das que considero mais importantes, ou seja, aquelas que, de alguma forma, foram decisivas para alguma mudança ou evolução.
Como todas as outras vezes reforço: Qualquer reclamação, falem com a Santa Clara!
Dito isso, vamos ao Top 5 dos anos 80 (a ordem é cronológica):
Os Imigrantes (1981)
A novela "Os Imigrantes" foi uma das mais importantes "incursões" da TV Bandeirantes no gênero. A emissora sempre investia de forma tímida em teledramaturgia, mas agora com Walter Avancini como diretor artístico do canal e Benedito Ruy Barbosa figurando entre seus contratados, a emissora escalou um elenco de peso e coloca a história do ar.
Muito antes de "Orfãos da Terra" (Globo, 2019), a novela mostrou a difícil "luta" dos imigrantes que chegavam ao Brasil.
Era audaciosa pois se propôs a retratar a vinda dos imigrantes italianos no Brasil com diversas fases (desde 1891 até os anos 60). E assim fez ao longo de seus 459 capítulos, uma das mais longas da TV.
Apesar de não ser um fenômeno de audiência, a trama fez enorme sucesso comercial e chegou a incomodar a Globo. Foram quase 10 LPs lançados com músicas e trilhas da novela e o elenco reuniu nomes como Rubens de Falco, Othon Bastos, Yoná Magalhães, Altair Lima e Paulo Betti.
Roque Santeiro (1985)
A Globo já havia tentado estrear a novela "Roque Santeiro" em 1975 e foi proibida dia antes da data marcada pela censura. Relembramos deste fato há alguns dias. Com a queda do regime militar a Globo resolveu produzir a novela, que foi um marco.
Escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, a novela era uma sátira à exploração política e comercial da fé popular. Na cidade de Asa Branca, muitos milagres são atribuídos à Roque Santeiro (José Wilker) um coroinha que teria sido assassinado ao defender a cidade de um poderoso bandido. Mas ele não morreu. E reaparece na cidade quase vinte anos depois ameaçando o poder das autoridades locais.
A volta de Roque ameaça desde o padre da cidade, até o prefeito, passando pela viúva Porcina (Regina Duarte) que, na verdade não era viúva de Roque. Ela havia se aproveitado da popularidade dele e inventado de que tinha se casado com ele antes da morte, tornando-se uma celebridade na cidade.
Com 209 capítulos, a novela foi um fenômeno de audiência. Em julho de 1985 a trama chegou a registrar 85 pontos de audiência em São Paulo e 100% de share, superando a chegada do Homem à Lua (1969) e vários jogos de Copa do Mundo. Ou seja: as demais emissoras não estavam sendo assistidas.
Dona Beija (1986)
A trajetória de Ana Jacinta de São José, a Dona Beija (Maitê Proença), na cidade mineira de São Domingos do Araxá, no século 19 era contada através desta novela da TV Manchete.
Com a diminuição da produção de telenovelas pela Band, Record e SBT, "Dona Beija" vinha reafirmar: existia "vida" fora da Globo. Para produzir a novela, a Manchete investiu não apenas no elenco, mas também na produção, que chegou a bater a Globo no Ibope em momentos isolados.
O autor Wilson Aguiar Filho e o diretor Herval Rossano usaram e abusaram do erotismo, dentro do contexto da história. E isso foi algo marcante, não apenas pelas belas cenas, mas porque iria ajudar a costurar uma nova forma de contar histórias.
Vale Tudo (1988)
A trama de Gilberto Braga, que inclusive está disponível para ser vista e revista no GloboPlay (olha o merchan) foi um grande marco da TV. É uma das novelas mais lembrada dos anos 80. Realista ao extremo, colocou em discussão temas como corrupção e ética (principalmente a falta dela).
A novela conta a história da guerreira e batalhadora Raquel (Regina Duarte) e sua filha, a inescrupulosa Maria de Fátima (Gloria Pires). Logo no início a jovem vende – sem o consentimento da mãe – a casa da família e viaja para o Rio para se tornar modelo. Lá, ela se alia a mau caráter Cesar (Carlos Alberto Riccelli) e tentam dar um golpe numa família rica e poderosa que tem como matriarca Odete Roitmann (Beatriz Segall).
Nos capítulos finais, o assassinato de Odete "parou" o país.
Que Rei sou Eu? (1988)
A trama de Cassiano Gabus Mendes foi uma das grandes delícias do horário das sete. Era ambientada num fictício reino europeu chamado Avilan, mas fazia uma paródia com as mazelas brasileiras.
A história começava com a morte do rei Petrus II (Gianfrancesco Guarnieri). Apesar dele ter um único herdeiro – o bastardo Jean Pierre (Edson Celulari) - os conselheiros reais, que exercem forte influência nas decisões da rainha Valentine (Tereza Rachel), resolvem entregar a coroa ao mendigo Pichot (Tato Gabus Mendes). A armação é obra de Ravengar (Antônio Abujamra), o bruxo do condado. Revoltado, Jean Pierre lidera um grupo de revolucionários para derrubar os vilões.
A novela é repleta de cenas marcantes e tinha uma cenografia e figurino impecável. A Globo construiu um castelo cenográfico para as gravações e ele era praticamente "destruído" nos capítulos finais, num embate de capa-espada de tirar o fôlego.
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